Seguindo nosso roteiro pelos PARNA's do Brasil, deixamos o litoral de Pernambuco e seguimos rumo ao nosso primeiro PARNA, mas antes fizemos um pequeno desvio de rota para visitar o famoso Quilombo dos Palmares. O local estava muito calmo e pouco atraente mas foi interessante visitar àquele importante memorial e conhecer a serra da Barriga.
PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU
Prentendiamos acampar no Rindo mas acabamos optando por um dos chalés por lá, mas não valeu a pena. O Camping estava um pouco sem capricho. O chalé como buracos nas telas permitindo a entrada de insetos e um ventilador meio capenga que era difícil operar para espantar os mosquitos, ao fim uma noite pouco confortável. Há opções de hospedagens mais rústicas pelo entorno do parque e na vila do Catimbau ou pousadas mais organizadas em Buique que também tem uma oferta melhor de restaurantes. A Vila do Catimbau é bem pequenina mas parece estar despertando para o turismo com um pizzaria e hamburgueria e outros trailers de lanches em volta da praça. Para almoço, fomos ao único restaurante aberto e comemos um gostoso, bem servido e barato guisado de bode, mas demorou muito, 1h e meia de espera, pois em geral os grupos já deixam os pedidos feitos e ai passavam em nossa frente então melhor já deixar o almoço pedido lá.
O Parque está despontando no ecoturismo atraindo principalmente visitantes de Recife e Maceió. Tem potencial. Por enquanto há de fazer tudo com guia e pagando entradas de em torno de 10reais a cada atrativo. Acertamos direto com o Senildo no Rindo Camping e o planejamento é, em geral um passeio pela manhã e outro a tarde, uma parada para almoço. É bom, pois o calor e bem forte na região e uma pausa ao meio dia vale a pena, mas tem que entrar e sair uns 10-15km para a rota das atrações. O Catimbau é o 2º parque em importância arqueológica para pinturas rupestres, o 1º é o Serra da Capivara, assim deixampos para explorar esta parte lá mesmo. Ficamos apenas um dia por lá e priorizamos os passeios da Igrejinha (uma pedra furada que rende fotos) e um visual do vale e depois a trilha das Bromélias muito interessante pelo visual do vale, formações rochosas e principalmente pela flora linda da caatinga, começa nosso reforço de aprendizado dos diferentes cactos existentes.
Chegamos dos passeios por volta do meio dia e seguimos para a vila para o nosso almoço gostoso e demorado, conserto de um pneu furado e aproveitamos para visitar o projeto importante da ONG amigos do bem. Não foi possível a visita pois tanto o centro de transformação quanto a fábrica de castanhas estavam fechados por ser 2/01 mas deu para termos uma noção da grandiosidade da iniciativa.
A tarde fizemos a trilha do Chapadão. Uma trilha de 4km, 3km de ida pois faz um desvio para ver umas pinturas rupestres, que para nós que iriamos a Serra da Capivara não valeu a pena, mas a trilha é fácil e também bonita pela flora da caatinga, mas ao fim o tempo para vislumbrar o vale do Chapadão com uma boa luz da golden hour ficou curto. Ali ficamos alguns momentos apreciando a tarde cair, já que o por do sol em si foi comprometido por nuvens no horizonte.
Concluído o passeio já a noite, optamos por dormir em Arcoverde já adiantando nosso caminho e cujo hotel foi ótimo Max Hotel, super bacaninha, ótimo custo-benefício.
O valor do guia pelo Rindo Camping fica 50 reais por pessoa para os dois passeios no dia. Para um passeio em um período eles faziam metade. As crianças não pagaram. O ruim é que eles acabam formando grupos muito grandes, o que perde todo o encanto de uma trilha nestes locais, a galera fazendo algazarra, selfies e fotos de todos os tipos de pose e ai quando você quer o seu tempo para apreciar não pode...
Serra da Capivara
Nos hospedamos em São Raimundo Nonato no Hotel Mega Express 2, arrumadinho. Mas há uma opção interessante de se hospedar próximo a entrada do parque ali na hospedaria próxima a fábrica das cerâmicas, achei o local bem aprazível e com vista das serras.
Chegamos debaixo da primeira tempestade depois de quase um mês na estrada e muito sol e calor, gostamos da amenizada no calor que a chuva trouxe. Aproveitamos a chuva para já visitar o museu do Homem Americano e entender a importância dos achados na região e mais sobre o trabalho da pesquisadora Niede Guidon. Ao fim, o resultado para a região foi incível, não somente pelos grandes achados, que datam a 100mil anos atrás, pinturas ruprestes incríveis, mas o reconhecimento do sítio pela UNESCO e toda a estruturação do turismo, desde a criação do parque nacional e dois museus, bem como ações socias com a criação da fábrica de cerâmica que há 30 anos gera empregos e renda na região.
Por tal importância e ao fim estruturação e organização do parque, ao fim não são cobradas taxas de entrada do parque mas é mandatório o guia e ao fim, bem salgado o valor. 250 reais para trilhas muito simples que duraram apenas meio dia, ao fim percebe-se que o papel do guia é mais de controle dos visitantes que guia-los realmente. Infelizmente pagamos o preço de visitantes que não sabem se comportar e precisam ser guiados e controlados, mas concordamos no fomento da economia turística da região, mas o valor poderia ser mais baixo, pelo valor percebido do guia em si, a nossa guia era super calada e pouco aportou de informações além do que já havia no museu. E por fim também não foi possível voar o drone neste lugar que daria incríveis imagens, também por estes controles excessivos que requeriam permissão do ICMBio, o que não tínhamos a informação para solicitar com antecedência. Também não conseguimos visitar o Museu da Natureza, pois esquecemos que era uma segunda-feira. Uma pena, parecia imponente e interessante.
E falando da nossa visita ao parque, fizemos a trilha da Pedra furada e seus mirantes, super fácil e um visual belíssimo e tivemos a sorte de em janeiro, época de chuvas pegar a caatinga bem verdinha e não a mata branca que é o significado da palavra caatinga, que sobrevive a longos períodos de estiagem ficando bem seca e branca quando vista de cima. A fauna também estava bem ativa, mocós e lagartixas para todos os lados.
Mas foi no boqueirão da pedra furada que visitamos o principal sítio arqueológico do parque, com pinturas rupestres que datam de 12 mil anos e achados em escavações que chegam a 100 mil. As principais do beijo e da capivara que serve de símbolo do parque e uso de diferentes cores. É o maior sitio arqueológico do mundo pela quantidade de sítios encontrados e os importantes achados que confirmaram a hipótese de que os homens que chegaram as américas não atravessaram o estreito de Bhering e sim o oceano Atlântico que era mais raso à época com mais ilhas que afloravam.
Almoçamos no restaurante da fábrica de cerâmicas e tivemos a oportunidade de visitar a produção de cerâmicas, superbacana e experimentar a modelagem dos nossos próprios vasos. Adoramos. Para jantar em São Raimundo Nonato, poucas opções, ficamos as duas noites nas mesinhas da praça do restaurante Homus.
Serra das Confusões
Bem perto do Parque da Serra da Capivara mas bem menos explorado e muito menos estruturado. Primeiro nos foi difícil encontrar informações sobre o parque e dificuldade e necessidade de se contratar um guia. Fomos descobrir ser mandatório o guia na entrada e felizmente havia um grupo com guia entrando que nos convidou a juntar-se a eles. Apesar dos atrativos estarem demarcados no google maps e no wikiloc, a entrada da gruta é difícil de achar e ao fim ela é bem longa até chegar ao lindo jardim. Fomos guiados pelo Aguinaldo e o valor de 150, menos salgado que na Capivara, aqui talvez faça real diferença.
Estes são os atrativos acessados por Caracol, distante 1h e meia de São Raimundo e a entrada do parque a aprox. 2h. O mirante da serra e a gruta do Riacho do boi, muito lindos e que valem a visita. Não fizemos a trilha das Cores da Caatinga pois estávamos com tempo apertado para fazer a travessia do parque rumo aos cânions do Viana.
Foi difícil encontrar informação da qualidade da estrada para a travessia do parque. Felizmente encontramos um grupo que havia acabado de fazê-lo no dia anterior e apesar de ressalvas confirmaram ser possível colocar nossa Tiguan guerreira no barro e areal. Uma trilha no wikiloc nos ajudou bastante, perfeita. E vale super a pena fazer essa travessia. Parece que hoje alguma parte do rally dos sertões passa por ali e pelos cânions do Viana o que aumentou a popularidade do lugar. Mas estrada estava bem tranquila e foi possível fazer toda sem o 4x4 e pouca necessidade de carro alto, poucos pontos de erosão mas uma trilha estreita em solo arenoso com bastante vegetação fechada até o povoado de Viana dali logo se chegam aos cânions e é um visual incrível que é mais legal chegar pela travessia que bate-volta por Bom Jesus. Infelizmente conseguimos atolar numa parte alagada que era super tranquila de atravessar mas escolhemos o lado errado e caímos em um buraco. Levamos um bom tempo tentando desatolar até uma hora depois ser rebocados pelo primeiro carro que apareceu ali. Esse contratempo atrasou um pouco nossa travessia e já não nos deleitamos nos Cânions do Viana na Golden hour, isso seria perfeito, mas deu para apreciar o visual. O trajeto do Cânion é bem longo, leva mais de uma hora para atravessá-lo e é lindo apreciar aquela paisagem rochosa vermelha contrastando com pastos verdinhos, capins altos e gado bem gordinho e vasto.
Chegamos em Bom Jesus já era noite e já não conseguimos a melhor das hospedagens mas um quartinho básico para banho e cama. No dia seguinte ainda tivemos erro de rota e pneu furado para atrasar a partida pela longa estrada destino a Chapada da Mesas, vale a dica que talvez o mais longo trajeto via Uruçui seja a melhor maneira para chegar a Riachão. Pelo meio é estrada de barro e por Tasso Fragoso pegamos 90km de asfalto deteriorado com muito barro e crateras.
Chapada das Mesas
Chegamos por Riachão e com os atrasos na partida de Bom Jesus não chegamos em tempo para percorrer os atrativos na região de Balsas, mais precisamente a cachoeira do Macapá ou curtir o Rio Balsas.
Visitar a Chapadas das Mesas vale a pena um carro 4x4 alto e resistente, o nosso infelizmente não é, o que limita bastante chegar aos atrativos e ai as agências metem a faca nos translados e nós não quisemos pagar e nem terminar de destruir o nosso carro que já está resistindo bravamente a longa viagem e perrengues. Então focamos no principal acessível e não visitamos a parte difícil. De tudo que nos informamos sobre o Parque e seu entorno, visitamos os imperdíveis Poco Azul e Encanto Azul desde Riachão. A estrada apesar de bastante costela, super tranquila até o encanto azul. Na volta havia chovido e pegamos bastante lama, apenas ligamos o 4x4 por precaução. Pernoitamos em Riachão no Pico Fino (ex Trevão) e adoramos, e partimos cedinho e fomos os primeiros a chegar no Encanto Azul e tivemos aquele local paradisíaco só nosso por uma meia hora. Importante, priorizamos conseguir chegar ali em uma quinta-feira, pois fomos devidamente informados que os atrativos da Chapada das Mesas lotam com o turismo da região, apesar de valor de entradas bem caros.
Depois do deleite naquele precioso poço de águas cristalinas azuis, algo realmente surreal, do Encanto Azul fomos para o Poço Azul que fica 6km antes. Este já um balneário estruturado e as águas também azuis mas não tão cristalinas, mas um lugar também muito lindo com cachoeiras a volta e próximo ali a também imponente cachoeira Santa Bárbara.
Seguimos para cidade de Carolina onde pernoitamos por mais duas noites. Conseguimos avaliar 5 pousadas: Maktub, Candeeiros, Pipes, do Lajes, Martins e Carolina Palace. A nossa escolhida foi a Martins, mas não havia disponibilidade então ficamos na básica, barata mas com o essencial na Carolina Palace. As pousadas todas em um nível básico-essencial mas faltando charme e aconchego. As melhorzinhas talvez, Maktub e Candeeiros, talvez com opções ruins de quarto quádruplo.
Para jantar o Chega+ na beira do rio ao lado da balsa é bem bacana para apreciar o por do sol também e o vai e vem das balsas, mas Carolina parece ter algumas outras opções também. A pracinha da igreja, onde fica a pousada Candeeiros é bem graciosa, vale uma caminhada. A pracinha de alimentação ao lado da igreja em Riachão também foi bem bacaninha.
Em nosso segundo dia priorizamos o complexo da Pedra Caída para a referenciada cachoeira do Santuário que realmente é muito bonita, nos lembrou a Cachoeira do Buracão na chapada Diamantina. O local também é um balneário com grande estrutura com acesso a outros atrativos e cachoeiras, mas tudo cobrado a parte então deixamos para aproveitar os tobogãs que já estavam inclusos na entrada.
Para fechar o dia e nossa visita a Chapada da Mesas, fizemos a rápida trilha para o Portal da Chapada para enfim um visual lindo de Golden hour das mesas e principalmente do marcante Morro do Chapéu e terminamos com o pôr do sol no Rio Tocantins e pizza no Chega+
O que queiramos e não conseguimos fazer na Chapada das Mesas:
Visitar o Parque e as Cachoeiras do Prata e São Romão, pois não quisemos tentar a estrada e possivelmente atolar ou destruir nosso carro na longa estrada e tampouco pagar os tours que pesquisamos valores e ouvimos de 1400 a 700 reais. Não pagamos.
Fazer a trilha para subir o Morro do Chapéu, um porque estávamos numa preguiça surreal e dois por que também parecia que a estrada para chegar ao acesso da trilha também era ruim e ia requerer contratar tour caro, desistimos.
Explorar melhor o rio Tocantins e o lago formado pela barragem de Estreito e quem sabe até nadar e pôr o pin no rio, não foi possível desta vez.
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